O que aconteceu ao jogo para se ter esbatido tanto as referências de cada posição?
in Planeta do Futebol
“O futebol mudou muito. Os jogadores também. Hoje, estar em campo, implica um nível de conhecimento do jogo muito superior ao de tempos atrás. O conceito de polivalência é muito utilizado no sentido de um jogador pode fazer mais do que uma posição, mas onde essa ideia faz hoje realmente sentido é na capacidade dele alternadamente interpretar cada posição de diferentes formas. Ao defesa não basta cortar e afastar a bola de perto da baliza. Ao avançado não basta criar perigo e tentar o golo perto da área adversária. Ambos têm de saber mais sobre o jogo. O defesa sair a jogar e entregar a bola ao médio. O avançado, perdida a bola, marcar o adversário que quer sair para o ataque. É estranho sempre que se fala em equipas trabalhadoras, pensar-se logo em equipas sobretudo defensivas, imaginando-a a correr para recuperar a bola. Nunca se aplica o mesmo termo a uma equipa que procura essencialmente jogar de pé para pé, com criatividade. Não faz sentido. Em qualquer momento, o jogo só pode ser totalmente entendido se a equipa unir as duas palavras. Trabalhar com criatividade. Aos jogadores aplica-se o mesmo. Nesta síntese, está a capacidade de perceber e dominar as diferentes faces do jogo a partir da sua posição. Pensem, por exemplo, nos laterais. Vejo Lino a destacar-se no FC Porto e tal resulta de acções em que, anos atrás, os defesas-laterais nem pensavam. Antes bastava-lhes saber defender. Secar o extremo e já está. Hoje, é lhes exigido que saibam ligar defesa e meio-campo, invadindo outros sectores, já não como defesas, mas como personagens do momento ofensivo. Os tempos são tão confusos que, no caso de Lino, destaca-se por uma acção antes quase contra-natura e precisa claramente de melhorar aquela que seria, na raiz do jogo, mais natural naquela posição: defender. Também os médios ofensivos têm que saber jogar para recuperar a bola e não só com ela no pé. Outras posições seguiram a mesma lógica. Para fazer carreira ao mais alto nível, o jogador tem hoje de jogar muito mais no chamado jogo total do que no passado. Faz lembrar uma ideia de Jordan que dizia haver na NBA jogadores muito hábeis mas que não entendiam o jogo e, por isso, não rendiam o suficiente. Com o futebolista é igual. Mas o que terá acontecido ao futebol para que se tenha esbatido tanto as referências mais fortes de cada posição? A resposta estará em palavras como velocidade e espaço. É estranho ouvir treinadores dizer que o jogo correu mal porque a equipa não teve espaços. Mas por que haveria de os ter? É exactamente nisso em que se baseia este jogo. Em criar espaços. Quem o conseguir melhor, metendo-lhes rapidez de execução, fica mais próximo de o controlar e ganhar. Por isso, as posições ganharam outras vidas. Cada uma é responsável por, primeiro, controlar o seu espaço natural (o chamado sentido posicional) e, depois, partir para a conquista do espaço adjacente. É nesse momento que o jogador, em qualquer posição, se torna um trabalhador criativo. Um fabricante de espaços.”
in Planeta do Futebol
“O futebol mudou muito. Os jogadores também. Hoje, estar em campo, implica um nível de conhecimento do jogo muito superior ao de tempos atrás. O conceito de polivalência é muito utilizado no sentido de um jogador pode fazer mais do que uma posição, mas onde essa ideia faz hoje realmente sentido é na capacidade dele alternadamente interpretar cada posição de diferentes formas. Ao defesa não basta cortar e afastar a bola de perto da baliza. Ao avançado não basta criar perigo e tentar o golo perto da área adversária. Ambos têm de saber mais sobre o jogo. O defesa sair a jogar e entregar a bola ao médio. O avançado, perdida a bola, marcar o adversário que quer sair para o ataque. É estranho sempre que se fala em equipas trabalhadoras, pensar-se logo em equipas sobretudo defensivas, imaginando-a a correr para recuperar a bola. Nunca se aplica o mesmo termo a uma equipa que procura essencialmente jogar de pé para pé, com criatividade. Não faz sentido. Em qualquer momento, o jogo só pode ser totalmente entendido se a equipa unir as duas palavras. Trabalhar com criatividade. Aos jogadores aplica-se o mesmo. Nesta síntese, está a capacidade de perceber e dominar as diferentes faces do jogo a partir da sua posição. Pensem, por exemplo, nos laterais. Vejo Lino a destacar-se no FC Porto e tal resulta de acções em que, anos atrás, os defesas-laterais nem pensavam. Antes bastava-lhes saber defender. Secar o extremo e já está. Hoje, é lhes exigido que saibam ligar defesa e meio-campo, invadindo outros sectores, já não como defesas, mas como personagens do momento ofensivo. Os tempos são tão confusos que, no caso de Lino, destaca-se por uma acção antes quase contra-natura e precisa claramente de melhorar aquela que seria, na raiz do jogo, mais natural naquela posição: defender. Também os médios ofensivos têm que saber jogar para recuperar a bola e não só com ela no pé. Outras posições seguiram a mesma lógica. Para fazer carreira ao mais alto nível, o jogador tem hoje de jogar muito mais no chamado jogo total do que no passado. Faz lembrar uma ideia de Jordan que dizia haver na NBA jogadores muito hábeis mas que não entendiam o jogo e, por isso, não rendiam o suficiente. Com o futebolista é igual. Mas o que terá acontecido ao futebol para que se tenha esbatido tanto as referências mais fortes de cada posição? A resposta estará em palavras como velocidade e espaço. É estranho ouvir treinadores dizer que o jogo correu mal porque a equipa não teve espaços. Mas por que haveria de os ter? É exactamente nisso em que se baseia este jogo. Em criar espaços. Quem o conseguir melhor, metendo-lhes rapidez de execução, fica mais próximo de o controlar e ganhar. Por isso, as posições ganharam outras vidas. Cada uma é responsável por, primeiro, controlar o seu espaço natural (o chamado sentido posicional) e, depois, partir para a conquista do espaço adjacente. É nesse momento que o jogador, em qualquer posição, se torna um trabalhador criativo. Um fabricante de espaços.”
Este sinal de polivalência e adaptabilidade no futebol português é muito frequente. Há treinadores que gostam de ter muitos jogadores “multifuncionais”, mas outros afirmam que esta situação não é bom nem para a equipe nem para o próprio jogador que não se especializa a determinada posição/função em campo. Longe vai o tempo onde encontrávamos jogadores que executavam determinada posição no campo desde os infantis. Hoje é normal vermos extremos convertidos em defesas laterais, ou avançados convertidos em médios defensivos. Destas situações temos os exemplos do Fábio Coentrão, César Peixoto e Rubén Amorim (Benfica), do João Pereira (Sporting) ou do Tomás Costa (Porto). Jogadores que por natureza são extremos (médios, nos casos do jogador do Porto e Rubén Amorim) e são utilizados como defesas laterais. Isto deve-se à inteligência táctica dos jogadores e a uma vontade enorme de jogar e ajudar a sua equipa. Jogam onde lhes pedem e onde lhes dão oportunidade (oportunidade que nunca deve ser desperdiçada).
Agora, há situações onde se encontram plantéis desequilibrados e onde é preciso “inventar”. Foi isso que nos aconteceu durante o nosso campeonato. Uma equipa com muitos médios e extremos, mas onde foi preciso descobrir laterais e avançados. “Invenções” foram muitas e algumas delas bem sucedidas. A principal “invenção” foi a descoberta de um jogador para jogar na função de avançado, que de natureza era defesa central – Pinto. Um jogador inteligente que é capaz de ser o primeiro a atacar e o primeiro a defender. Como deveriam ser todos os avançados. A MELHOR ALTURA PARA SE RECUPERAR A POSSE DE BOLA É… QUANDO SE PERDE.
Vem aí a Prova Extra. Competição onde vamos defrontar equipas vindas do Nacional de Juniores e onde teremos que trabalhar o dobro ou o triplo do que seria normal e ser ainda mais inteligentes. Mas, no futebol os casos de DAVID CONTRA GOLIAS, são inúmeros e o mais recente chama-se GD CHAVES – FINALISTA DA TAÇA DE PORTUGAL 2010. Para sermos um DAVID temos de trabalhar muito durante a semana e ainda mais nos jogos.
Agora, há situações onde se encontram plantéis desequilibrados e onde é preciso “inventar”. Foi isso que nos aconteceu durante o nosso campeonato. Uma equipa com muitos médios e extremos, mas onde foi preciso descobrir laterais e avançados. “Invenções” foram muitas e algumas delas bem sucedidas. A principal “invenção” foi a descoberta de um jogador para jogar na função de avançado, que de natureza era defesa central – Pinto. Um jogador inteligente que é capaz de ser o primeiro a atacar e o primeiro a defender. Como deveriam ser todos os avançados. A MELHOR ALTURA PARA SE RECUPERAR A POSSE DE BOLA É… QUANDO SE PERDE.
Vem aí a Prova Extra. Competição onde vamos defrontar equipas vindas do Nacional de Juniores e onde teremos que trabalhar o dobro ou o triplo do que seria normal e ser ainda mais inteligentes. Mas, no futebol os casos de DAVID CONTRA GOLIAS, são inúmeros e o mais recente chama-se GD CHAVES – FINALISTA DA TAÇA DE PORTUGAL 2010. Para sermos um DAVID temos de trabalhar muito durante a semana e ainda mais nos jogos.
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