terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Como prometido...

Como eu havia dito e prometido, eu vou tentar mostrar a minha maneira de ver e entender o que é o FUTEBOL, para procurar transmitir as minhas equipas o FUTEBOL que pretendo em campo.
Assim, tomei a liberdade de transcrever para este blog, a opinião daquele que eu considero um dos melhores analistas e especialista de Futebol (lembro que é um simples jornalista, sem curso de treinador e que não almeja tal distinção).
Segredos da posse de bola
por Luis Freitas Lobo in O Planeta do Futebol
A maior posse de bola não representa, por si só, deter o controlo do jogo. Depende como ela é feita, onde e se coordena o ritmo de jogo. O segredo está noutros sub-principios que estão ligados à sua posse.


Há quem defenda que a maior posse de bola representa, por si só, deter o controlo do jogo. Não é bem assim. Depende como é feita essa posse, onde e se ela controla o ritmo de jogo. Por vezes, é exactamente a equipa que se encontra na expectativa, gerindo os tempos de recuperação que controla o jogo e os seus distintos timings de velocidade, embora não o domine, pois dominar implica correr riscos. Basta lembrar a malfadada Grécia campeã europeia em 2004 que, sendo a segunda equipa com menor posse de bola em todo o torneio, (atrás da Letonía) e controlou os jogos todos. Agora, na fase de apuramento do Mundial-2006, teve maior percentagem de posse e nunca controlou os jogos, acabando eliminada sem apelo. A base está noutros sub-principios que estão ligados à posse de bola. A progressão em passe-recepção-passe (o jogo de triângulos que se estende a todo o terreno), criando desequilíbrios, com impressibilidade de velocidade (gerindo as mudanças de velocidade) ou de rasgos individuais (o maravilhoso mundo dos Ronaldinhos). Um exemplo que pode explicar estes conceitos conjuntos tem a ver com a dificuldade de aculturação táctico-dinâmica de muitos craques sul-americanos na Europa. Repare-se: Em tese, na dinâmica do jogo, o maior responsável pela eficácia subsequente do passe não é de quem o executa, mas antes de quem, o recebe. Ou seja, é este jogador receptor que, móvel, deve ocupar e gerir o ritmo para receber a bola, não no pé, mas no espaço. Ao mesmo tempo, quem faz o passe, deve-o fazer não para o pé do receptor, mas para o espaço vazio por este criado, mesmo que seja apenas mais um-dois passes à sua frente. É neste contexto táctico-dinâmico que se insere o princípio de que os médios devem tocar na bola muitas vezes, mas detê-la o menos tempo possível. A progressão em posse impede, por definição, esta evolução fluida do jogo. Ora na, enquanto na América do Sul, o passe é feito, quase sempre, para o pé, na Europa, ele é feito, por principio, para o espaço. Só sabendo gerir todos estes conceitos, a maior posse de bola pode ditar por inerência o simultâneo controlo do jogo.

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