quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Romário é 11: As 11 camisas do Baixinho na carreira

Uma reportagem sobre um jogador que sempre admirei e que marcou mais de 1.000 golos na sua longa carreira. Teve muitos nomes mas o mais conhecido foi "Baixinho"

Igor Siqueira
Luiz Signor

Publicada em 02/11/2011 às 11:11 Lancenet
Rio de Janeiro (RJ)


Romário viveu intensamente o amor por cada camisa que vestiu. Foi eterno enquanto durou. A indiferença não fez parte da realidade do Baixinho no futebol. O cara da camisa 11 vestiu 11 camisas, incluindo uma certa amarelinha, nos 23 anos de carreira profissional (24, se contarmos 2009, quando fez um jogo pelo América-RJ). É sobre elas que o segundo capítulo da série "Romário 11" vai falar.
- Só joguei onde eu quis. Não fui pra nenhum lugar obrigado - contou o Baixinho, ao LANCENET!.
Nascido na comunidade do Jacarezinho – ou melhor, como o próprio gosta de dizer, favela -, o menino Romário deu os primeiros chutes no Estrelinha, clube da Vila da Penha, na Zona Norte do Rio, onde morou desde os 3 anos (deve ter sido ali que ele cavou seu primeiro pênalti também). Seu Edevair, pai do jogador e fundador do Estrelinha, foi o grande incentivador do menino, em uma época de dificuldades.

E MAIS:
- Série do LNET! detalha carreira do craque
- Artilheiro dos mais de mil gols na carreira
- Às vezes não tinha dinheiro para ir treinar com meu irmão. Como eu jogava mais, meu pai me dava a passagem e meu irmão ficava em casa - conta Romário, com um sorriso no rosto ao lembrar do esforço que a família fez para que ele continuasse nos treinos.

1 - VASCO – Primeiro Amor
Romário teve muitas alegrias jogando pelo Vasco (Foto: Ralff Geabra)
Quando Romário foi para o infantil Olaria, em 1979, a relação com o futebol passou a ficar mais séria. A genialidade já se destacava no garoto, que logo foi parar no Vasco, em 1981. Foram quatro anos até o técnico Edu Coimbra, irmão de um certo craque que brilhava no rival, relacionar Romário para enfrentar o Coritiba pelo Brasileirão de 1985. O Baixinho entrou no segundo tempo e logo de cara teve a chance de compor o ataque vascaíno com ninguém menos que Roberto Dinamite.

FICHA TÉCNICA DA ESTREIA DE ROMÁRIO
VASCO 3 X 0 CORITIBA

Local: Estádio São Januário, Rio De Janeiro (RJ)
Data: 6/2/1985
Árbitro: Carlos Sérgio Rosa Martins
Auxiliares: Paulo Sérgio Pinto e Ricardo Muller
Renda: Cr$ 33.895.000,00 / Público : 6.137
Cartões vermelhos: Ivan (VAS) e Lela (CTB);
Gols: Roberto Dinamite 6’/1ºT (1-0), 40’/1ºT (2-0) e Vítor, 44’/2ºT (3-0);
VASCO: Acácio, Edevaldo, Nenê, Ivan, Aírton, Vítor, Geovani, Cláudio Adão, Mário Tilico (Romário), Roberto Dinamite e Rômulo (Donato). Técnico: Edu Antunes Coimbra.
CORITIBA: Rafael, André, Vavá, Gardel, Dida, Marildo, Tobi (Heraldo), Paulinho (Eliseu), Lela, Índio e Édson. Técnico: Dino Sani.

O primeiro gol só viria em 18 agosto, contra o Nova Venécia (ES), mas não demorou a deslanchar, já que foi vice-artilheiro do Carioca daquele ano. A relação com o Time da Colina, pelo qual marcou o milésimo gol, é a mais próxima que Romário tem. Depois da passagem inicial da carreira, de 1985 a 1988, o Baixinho retornaria ao mais três vezes (2000-02, 2005-06 e 2007-08), além de iniciar a carreira de técnico, que futuramente seria trocada pela de deputado.

2 - PSV – Avassalador
Romário em ação pelo PSV contra o Steaua Bucareste (Foto:Site Oficial/PSV)
Romário já não era mais uma aposta no Vasco e teve participação importante na conquista do bi nos Cariocas de 1987 e 1988, além de ter sido chamado para a Seleção Brasileira medalha de prata na Olimpíada de Seul-88. Tudo isso teve um preço: a cobiça dos holandeses do PSV, na época detentores da Copa dos Campeões da Europa, que o contrataram em julho de 1988, por US$ 5 milhões, maior valor para que um jogador deixasse o Brasil até então. O investimento funcionou. Desde o craque Johann Cruyff que os holandeses não viam tamanha genialidade. Romário foi o melhor jogador da Eredivisie, o campeonato nacional, nas três primeiras temporadas. Sucesso.
Nem tudo foram flores, já que em 1993, ano de despedida de Romário do PSV, o time não ganhou nada. Mas isso não apagou o que ele fizera anteriormente. Tanto que o respeito que os holandeses têm pelo Baixinho rendeu duas salas em homenagem ao brasileiro no estádio do clube, o Phillips Stadium. Uma coisa natural, se não fosse pelo fato de o clube não ter um museu, mas ter reservado um local de reverência ao camisa 11.
PSV DE ROMÁRIO (1988/89): Lodewijks, Gerets, Valckx, R. Koeman e Veldman; Van Aerle, Lerby e Vanenburg; Romario, Gillhaus, Janssen. Técnico: Guss Hiddink.
3 - BARCELONA – “Matador de Porteros”
Que esquadrão! Um timaço! Não era a 11, mas a camisa do Barça combinou muito bem com Romário. Com tanto craque junto, até no banco, não seria difícil. Pobre Real Madrid, que sofreu nas mãos, ou melhor, nos pés dessa turma campeã do Espanhol na temporada 1993-1994.
Romário fez gols de tudo quanto foi jeito nesse time do futebol total de Cruyff. Lá, virou o “Matador de Porteros” (matador de goleiros). As atuações impediram que Parreira o deixasse de lado na Seleção que iria aos Estados Unidos na Copa de 1994. Todo mundo já sabe o que essa história rendeu.
BARCELONA DE ROMÁRIO: Zubizarreta, Ferrer, Koeman e Goykoetchea; Guardiola, Amor, Nadal e Sergi; Laudrup, Stoitchkov e Romário. Técnico: Johan Cruyff

4 -FLAMENGO - Popstar
Romário chegou ao Flamengo em 1995, para o "melhor ataque do mundo"
(Foto: Hipólito Pereira/O Globo)
Melhor ataque do mundo: Sávio, Romário Edmundo. A rima é boa, mas o futebol não emplacou. Na primeira passagem de Romário – na época o melhor jogador do mundo, segundo a Fifa – pela Gávea, muita badalação e pouco futebol.
A relação com o Flamengo e sua torcida se consolidou com o passar dos anos. A ida ao Maracanã com Romário no time era certeza de gols, ainda que o Fla não saísse de campo com a vitória. Ah, o Maracanã. Pelo Rubro-Negro, Romário fez do estádio o seu palco preferido. Conhecia cada centímetro das grandes áreas e sabia o caminho do gol mesmo se estivesse de olho fechado (ou de bandana!).
Entre idas e vindas à Espanha, foram cinco anos de Flamengo. A despedida, em 1999 – mesmo com os títulos Carioca e da Mercosul -, foi turbulenta, ao término do Brasileiro. Mas a torcida do Fla jamais se esquecerá dos momentos de alegria que Romário proporcionou, graças à enxurrada de gols do Baixinho.

5 - VALENCIA – Intrigas
Romário não teve muita sorte com a camisa do Valencia, para onde foi por empréstimo em 1996 e em 1997. A relação que teve com os técnicos nas duas passagens que teve na Espanha: Luís Aragonés e Claudio Ranieri. Estava infeliz com o ritmo de treinos, virou reserva. Aí voltou ao Flamengo.

6 - FLUMINENSE – Altos e baixos
Baixinho teve muitas polêmicas no Fluminense (Foto: Ari Ferreira)
Com a camisa do Tricolor das Laranjeiras, a passagem de Romário foi um tanto quanto instável. Se o Flu protagonizou atuações inesquecíveis em 2002, como o 5 a 1 sobre o Cruzeiro na estreia do Baixinho, o time teve apagões que custaram caro, como no 6 a 0 sofrido diante do São Paulo. Partida em que Romário agrediu o zagueiro Andrei, companheiro de time. Os títulos não vieram.
Ao mesmo tempo em que Romário foi lembrado pela agressão ao torcedor na arquibancada das Laranjeiras, ele conseguiu no Flu seu único gol de bicicleta. Foi uma relação de extremos. Ficou no clube de 2002 a 2004, com um hiato para ir ganhar dinheiro no Qatar. Deixou o Flu no ano em que o clube contratou medalhões, como Edmundo, Felipe e Petkovic.
FLUMINENSE DE ROMÁRIO (2002): Murilo, Flávio, César, Zé Carlos e Marquinhos; Marcão, Beto, Fabinho e Fernando Diniz; Romário e Magno Alves. Técnico: Robertinho.

7 - AL-SADD – Petrodólares
Romário foi jogar no Qatar por um contrato milionário. O Baixinho ganhou US$ 1,7 milhão para atuar por 100 dias no Al Sadd. Ele jogou apenas um jogo, não fez nenhum gol e teve de esperar os 100 dias para voltar ao Brasil. A experiência com a camisa do petrodólar não foi das melhores... e ele voltou ao Flu.

8 - MIAMI FC – Aventureiro
Sem clima com a torcida do Vasco e com companheiros que não aceitavam algumas regalias, Romário descobriu a América em 2006, 504 anos depois de Cristóvão Colombo. Em uma “Segunda Divisão” dos Estados Unidos, marcou 19 gols, mas não classificou o time para a fase final da competição. Chegou a ser treinado pelo companheiro de tetra, Zinho.



Romário se apresentou no Tupi, mas não jogou
(Foto: Paulo Wrencher)
9 - ADELAIDE UNITED – Alternativa
Ainda em 2006, diante da tentativa frustrada de jogar no Tupi, onde foi apresentado, mas não pôde jogar porque a transferência se deu fora da época permitida pela CBF, a solução foi desbravar o futebol australiano.

10 - AMÉRICA-RJ - Homenagem
O sonho do pai de Romário, Seu Edevair, era ver o filho atuando pelo América, seu time do coração. O Baixinho sempre disse que cumpriria a promessa feita ao pai. Mas, para a tristeza do camisa 11, o projeto só se concretizou após a morte do pai. Foi apenas um jogo. Mas foi com muita emoção que Romário homenageou seu mentor, a quem amava.
11 - SELEÇÃO BRASILEIRA – Paixão maior
O choro na despedida da Seleção Brasileira (Foto: Ari Ferreira)
A camisa preferida de Romário. Pela Seleção, ele alcançou a glória máxima na carreira, que foi a Copa de 1994. A relação começou cedo, com ele sendo convocado para o time sub-20, em 85, mas acabaria sendo cortado do Mundial (cenas dos próximos capítulos). A Copa de 90 foi um ponto baixo, sendo reserva de Müller. Mas as glórias dos anos seguintes o elevaram ao status de um dos maiores da História.
BRASIL NA FINAL DA COPA-1994: Taffarel, Jorginho (Cafu), Aldair, Márcio Santos e Branco; Mauro Silva, Dunga, Mazinho e Zinho (Viola); Bebeto e Romário. Técnico: Carlos Alberto Parreira
O problema para Romário foi que, a não ser em 1994, não teve sorte nas épocas de Copa. Foi cortado às vésperas da competição em 1998, contundido. Deixou a França chorando. Quatro anos depois, não teve apelo que fizesse Felipão se convencer a convocá-lo e o Brasil foi penta sem ele. Fez sua despedida contra a Guatemala, em 2005, no Pacaembu. Marcou um dos gols na vitória por 3 a 0. Chorando, deu adeus à camisa que mais amou na carreira.
BRASIL NA DESPEDIDA DE ROMÁRIO: Marcos (Rogério Ceni); Cicinho (Gabriel), Fabiano Eller (Gláuber), Ânderson e Léo; Mineiro, Magrão (Marcinho), Ricardinho e Carlos Alberto; Romário (Grafite) e Robinho (Fred). Técnico: Carlos Alberto Parreira

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