terça-feira, 19 de janeiro de 2010

De onde vem o novo reforço do FC Porto

Como podem comprovar, não é preciso jogar nos escalões de formação dos grandes clubes Nacionais, para ser reconhecido. Quando se tem talento, quando se quer muito uma coisa, temos que ouvir aqueles que nos querem ensinar alguma coisa. Nunca devemos achar ou ter a pretensão de saber tudo, não ter nada para aprender.
Um exemplo de humildade e de querer aprender. Junto connosco temos muita matéria humana a quem poderá acontecer o mesmo...basta querer aprender, e querer vingar no futebol.


"in MaisFutebol"

Nascido em Câmara de Lobos, berço de gente humilde, geralmente ligada às actividades do mar, Ruben Micael cresceu por entre dificuldades. Ele é o primeiro, aliás, a admitir que viu a fome mesmo ao lado. Na mãe, por exemplo. Por isso desde cedo moldou um carácter forte, aliado a uma personalidade rebelde.
Foi essa personalidade que Ilídio Freitas dobrou com paciência. Conheceu o médio quando este tinha onze anos e o contratou para o União da Madeira (II Divisão B). «Era o rei do baralho», sorri. «Os condutores do autocarro chegavam a deixá-lo no caminho. Íamos buscar os miúdos, quando ele entrava instalava-se a confusão.»
Edgar Costa confirma. O extremo do Nacional conhece Ruben Micael como ninguém: tornaram-se vizinhos aos cinco anos, jogaram juntos no Estreito, foram juntos para o União e partilharam o balneário do Nacional. «É uma amizade de longa data», confessa. «Normalmente eu vou atrás dele para os clubes.»
Ora por isso está encontrado o próximo reforço do F.C. Porto. «Era óptimo», sorri, antes de lembrar a infância em Câmara de Lobos. «Fazíamos muitas asneiras, muitas coisas menos boas, mas era da idade», confessa. «Às vezes combinávamos chegar a meio dos jogos. Mas jogávamos na mesma e fomos campeões.»
Apesar de ser um miúdo difícil, Ilídio Freitas nunca desistiu dele. «Tinha a coisa mais importante: ouvia-me. Falava com ele, tentava equilibrá-lo e dar-lhe estabilidade. Com o tempo foi crescendo. Sempre teve uma qualidade humana acima da média, fez-se um homem responsável e isso deixa-me orgulhoso.»
Ruben Micael já disse que nunca conseguirá agradecer o que Ilídio Freitas fez por ele. Por isso até o convidou para padrinho de crisma. É verdade, o reforço portista fez o crisma. «Mas não é particularmente religioso. É como toda a gente. Aqui na Madeira todos fazemos o crisma», diz Ilídio Freitas, o padrinho.
Ruben Micael não é o único atleta da família. Vem aliás de uma grande família, são oito irmãos, um deles também joga futebol (no Caniçal, da III Divisão), a irmã joga voleibol no Câmara de Lobos. Ora foi precisamente esse irmão, Cláudio, quatro anos mais velho, que mais aturou o carácter rebelde de Ruben Micael.
«Ele jogava connosco e já se evidenciava pela qualidade de passe. Mas nós éramos mais velhos e quando o jogo ficava rijo obrigava-o a sair. Ele ficava furioso comigo. Ficava todo chateado. Queria sempre jogar. Desde os três ou quatro anos, andava atrás de mim. Jogávamos em qualquer canto, com pedras nas balizas.»
Foi aliás Cláudio que o introduziu no futebol. «Eu jogava no Câmara de Lobos e ele dava-me cabo da cabeça que também queria jogar num clube. Falei com um amigo do Estreito e ele foi para lá. As pessoas do Câmara de Lobos chatearam-se comigo. Mas o Estreito tinha menos miúdos e era mais fácil para ele.»
No Estreito ficou até aos onze anos, quando um protocolo com o União lhe permitiu dar o salto. Embora não quisesse jogar no Funchal. «Fui falar com os pais dele e consegui convencê-lo a vir», conta Ilídio Freitas. Prestou provas no Benfica, com idade iniciado, e foi seguido pelo Sporting, mas nenhum deu certo.
Foi promovido a sénior com 16 anos, aos 21, aí sim, deu o salto para o Nacional. De onde saltou para o Mundo. «Ele merece. É muito humilde, excelente jogador e adora futebol. Pensa em bola de manhã à noite e adora o Zidane. Aqui até lhe chamávamos o Zidane da Madeira», finaliza o amigo Edgar Costa.

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